terça-feira, 25 de outubro de 2016

Adeus, velha amiga!

Lembra daquela amiga que você tinha aos 5 anos de idade? Eu lembro.
Ela tinha acabado de nascer e eu tinha apenas 5 anos. Crescemos juntas, descobrimos o mundo, brincamos, corremos, aprendemos e vivemos várias experiências, sempre juntas.


Ela esteve comigo em todos os momentos da minha vida: quando aprendi a ler, quando vivi meu primeiro amor, quando tive a primeira desilusão amorosa (a segunda, a terceira, a quarta...), quando namorei a primeira vez, quando comecei a trabalhar, quando entrei na faculdade, quando fiquei noiva, em todas as dezenas de festas que dávamos em casa e até mesmo nos momentos mais tristes da minha vida.


Ela tinha um jeito efusivo, carinhoso e genioso que me conquistava a cada dia. Sua inteligência era impressionante e nos entendíamos com muita facilidade.


Infelizmente, ela começou a envelhecer antes de mim e logo o seu jeito foi mudando, ficando cada vez menos saltitante, mas não menos esperta. A cada obstáculo que aparecia, ela logo vinha com uma solução prática pra continuar vivendo da maneira que podia. 


A rabugice surgiu juntamente com a carência e a necessidade ainda maior de cuidados. Seus olhinhos já não enxergavam muita coisa, seu corpinho ficou extremamente frágil, sua voz e suas pernas fraquejavam com frequência. A braveza de costume já não existia mais, mas isso não era um bom sinal. Minha florzinha, tão linda e tão delicada, estava murchando.



Eu estive ao seu lado até o último suspiro, dedicando a minha vida pra tentar fazer da vida dela o melhor que era possível. Eu sei que o meu melhor ainda foi muito pouco e eu sei que ela merecia muito mais, mas eu dei todo o amor e dedicação humanamente possíveis.


Ela me ensinou o real significado de amar incondicionalmente, me ensinou a ter paciência, me ensinou que quando a gente ama, o impossível se torna possível. Lutamos juntas até o fim, ela NUNCA desistiu e eu também não, mas a finitude da vida é imbatível.


Eu ainda não consigo acreditar que nunca mais vou poder acariciá-la, colocá-la no colo ou acordar de madrugada pra cuidar dela, mas fico aliviada por saber que seu sofrimento acabou.
Sinto como se eu tivesse morrido também, pois a vida que eu conhecia se foi junto com ela e agora tenho que reunir forças pra renascer e recomeçar do zero, colocando em prática o maior dos ensinamentos que ela me proporcionou: a resiliência.


Descanse em paz, Shakira. Amo você! ♥
1996-2016

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